• Transferência de água do rio Cunene para o Ndue está a decorrer a bom ritmo


    A transferência de água do rio Cunene para a barragem do Ndue decorre a bom ritmo, garantiu, domingo, o ministro da Energia e Águas. João Baptista Borges garantiu o bom dos trabalhos durante a jornada de campo do Presidente da República, João Lourenço, à barragem do Ndue, no rio Caundo, município do Cuvelai, um dos projectos estruturantes de combate à seca na província do Cunene. João Baptista Borges afirmou que os projectos de combate à seca tiveram início em 2020, com a construção do sistema de transferência de água no rio Cunene, a partir da localidade do Cafu, e inaugurado a 4 de Abril de 2022, pelo Presidente da República, João Lourenço, para levar água às localidades de Ondombodola, Ombayo Mungo e Namacunde, num investimento superior a 100 milhões de euros. Segundo o ministro, as barragens do Ndue, no lote 3, e de Calucuve, no lote 4, no município do Cuvelai, vão reduzir a escassez de água, garantir a segurança alimentar, promover o fortalecimento da agricultura, bem como impulsionar as actividades turísticas e fomentar a restauração de equipamentos públicos. Barragem do Ndue Localizada no rio Caundo, no município do Cuvelai,a barragem do Ndue possui 9.200 hectares de área irrigada, com uma albufeira de 2000 hectares para armazenar 170 milhões de metros cúbicos de água, com 23,50 metros de altura e 1.500 metros de comprimento, estando a execução em 74 por cento. Vai contar com um canal adutor de 15 chimpacas, numa extensão de 75 quilómetros até à localidade de Embudo, no município do Cuanhama. Barragem do Calucuve Localizada em Calucuve, no rio Cuvelai, município com o mesmo nome, a barragem vai ter um canal adutor com 40 chimpacas, numa extensão de cerca de 200 quilómetros até à região de Ondjiva. O projecto, que arrancou com o trabalho de enchimento da albufeira, tem a sua conclusão prevista para o próximo ano. A barragem tem uma área irrigada de 2600 hectares, com uma albufeira de 141 metros cúbicos, 29,80 metros de altura e 2.270 de comprimento, estando a execução física em 23 por cento. As obras da barragem do Calucuve arrancaram em Março de 2022, devendo beneficiar 81.000 pessoas e 182.000 animais, tendo garantido emprego directo a 390 jovens. Barragem da Cova do Leão As obras da barragem da Cova do Leão, no município da Cahama, na margem direita do rio Cunene, arrancaram em Junho de 2022. Esta barragem vai contar com um volume estimado em 25,2 milhões de metros cúbicos, 17 metros de altura do barramento, quatro metros de largura na crista e 844 metros de comprimento, para beneficiar os municípios da Cahama e do Curoca. O projecto vai permitir efectuar nove mil ligações domiciliares do tipo A, sete mil e 780 ligações do tipo B e 250 chafarizes com quatro torneiras nas localidades de Cahama, Otchinjau, Oncócua e Chitado, para beneficiar cerca de 3000 habitantes e mais de 2.041 cabeças de gado bovino. Desassoreamento de nove represas O ministro da Energia e Águas, João Baptista Borges, explicou que o projecto prevê reabilitar 13 furos de água e o desassoreamento de nove represas. Acrescentou que o conjunto destes projectos custaram mais de 100 milhões de euros. Reacções Gervásio Ndahuma, empresário no ramo da agricultura e pecuária há mais de 10 anos, no município do Cuvelai, disse que a conclusão da barragem do Ndue vai ser uma mais-valia, pois as pessoas vão passar a produzir em todos os períodos do ano, sem já os receios do passado da seca e da falta de chuvas. "Nós só produzimos uma vez durante a época das chuvas, mas quando forem concluídas as obras da barragem do Ndue, vamos deixar de fazer agricultura de sequeiro e introduzir uma produção de curta duração, através do processo de irrigação”, disse . A abertura da barragem vai alavancar a economia e incentivar a agricultura familiar, reduzindo deste modo a fome e a pobreza na região, disse o empresário. Alberto Ndilinanye, professor, que louvou a iniciativa do Executivo, que visa reduzir o sofrimento das pessoas e dos seus animais, que antes percorriam longas distâncias à procura de água para beber e de zonas de pasto para os seus animais. Lembrar que o município do Cuvelai, a Norte de Ondjiva, é o principal celeiro da província do Cunene. Projecto de construção da Barragem do Ndue O ministro da Energia e Águas explicou que o projecto de construção da Barragem do Ndue, de 23,51 metros, terá uma capacidade de armazenamento de água à cota do Nível do Pleno Armazenamento (NPA) = 170.000.000 de metros cúbicos e vai beneficiar o abastecimento de água para 55.000 habitantes, 60.000 cabeças de gado e 9.200 hectares de zonas agrícolas. Já o Projecto Cunene 3 tem como objectivo criar um grande reservatório de água no rio Caúndo, na localidade do Ndue, permitindo a transferência de água para o Sul da província, até Embundo. João Baptista Borges disse que o sistema está dividido em 2 lotes e integra a construção da Barragem do Ndue (Lote 5) e de um Canal Adutor com 75 quilómetros de extensão (Lote 6), possibilitando captar água para uso na agricultura ao longo de todo o percurso, através de 15 chimpacas com capacidade de armazenamento de aproximadamente 50 mil metros cúbicos para uma população beneficiada de 55.000 pessoas, 60.000 cabeças de gado e uma Área Irrigada de 9.200 hectares, garantindo, por um lado, 591 empregos directos, dos quais 485 de cidadãos nacionais. A obra está com uma execução física de 74 por cento. O futuro do pcessa Huíla e Namibe O ministro da Energia e Águas, durante a apresentação do projecto, adiantou que o Programa de Combate aos Efeitos da Seca no Sul de Angola (PCESSA) também vai mitigar as consequências dos fenómenos da seca nas províncias da Huíla e Namibe, implantando por fases obras de barragens, canais adutores e sistemas de abastecimento de água. Estas acções visam garantir um abastecimento de água consistente, apoiar a agricultura e melhorar a qualidade de vida nas regiões afectadas pela seca. João Baptista Borges lembrou que, para atenuar os efeitos desta calamidade natural, o Executivo delineou o Programa de Combate aos Efeitos da Seca no Sul de Angola (PCESSA), que comporta uma carteira de projectos estruturantes, cujo objectivo é o de garantir o abastecimento de água às populações, o abeberamento do gado e a agricultura, repondo, assim, a dignidade das populações locais.