• País importa 843,5 milhões de dólares em matéria-prima para o sector produtivo


    Angola gastou, no ano passado, 843,5 milhões de dólares, cerca de 582, 2 mil milhões de kwanzas, para a importação de matérias-primas, com o objectivo de serem incorporados no processo produtivo da indústria transformadora do país, anunciou, terça-feira, em Luanda, o secretário de Estado para a Indústria. Carlos Manuel de Carvalho Rodrigues, que apresentou estes dados durante a 19ª sessão temática "Comunicar por Angola”, que abordou o Programa de Fomento da Indústria Transformadora do país, para o quinquénio 2023/2027, indicou que deste valor, 144,9 mil milhões de kwanzas foram concedidos para isenções aduaneiras, que representa 24 por cento das matérias-primas importada para o país. O secretário de Estado para a Indústria afirmou que o peso da indústria transformadora na economia angolana tem demonstrado, ao longo dos anos, uma tendência de crescimento. Em 2023, de acordo com Carlos Rodrigues, a indústria transformadora representou 11,4 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) não-petrolífero, e 8 por cento do PIB total da economia nacional. Número de indústrias De acordo com o governante, o país conta com 2.619 indústrias, estando Luanda a liderar com 1.307, seguindo-se Benguela (255), Cabinda (169), Huíla (131), Bié e Huambo (111), Namibe (99), Cuanza-Sul (70), Bengo (39) e Malanje (37). Carlos Rodrigues disse que as 2.619 unidades da indústria transformadora existentes no país empregam 39.770 trabalhadores. "O peso de 11,4 por cento que a indústria transformadora representou na economia angolana, em 2023, é contribuído pela indústria alimentar, bebidas e tabaco, que representou cerca de 5,6 por cento, seguido da fabricação de produtos petrolíferos e químicos com 3,4 por cento”, destacou. Apontou que o país conta com três tipos de infra-estruturas de localização industrial, com destaque para os pólos de Desenvolvimento Industrial, Rural, Zona Económica Especial Luanda/ Bengo e Zonas Francas. Localização industrial Indicou que, desses três tipos de infra-estruturas de localização industrial, dois estão em funcionamento. O da Catumbela (Benguela) e de Viana (Luanda). O Pólo de Desenvolvimento Industrial da Catumbela conta com 139 empresas, das quais 34 são indústrias, o de Viana possui 417 empresas, das quais 198 são unidades industriais. A Zona Económica Especial Luanda/Bengo conta com 231 empresas, e dessas unidades 141 são indústriais.” Apesar desses pólos estarem em funcionamento, apresentam alguns desafios que estamos a trabalhar, com o objectivo de tornar essas unidades úteis para o crescimento económico do país”, rematou. Objectivo do sector é a auto-suficiência Segundo o secretário de Estado, o objctivo do sector da indústria consiste em atingir a auto-suficiência alimentar, valorizar os recursos endógenos, promover menor dependência das importações em ecossistemas industriais e fomentar e promover o crescimento das exportações de maior valor acrescentado. Em declarações à imprensa, Carlos Rodrigues disse que foi importante transmitir o propósito do Executivo para o sector no sentido de promover o desenvolvimento da indústria transformadora. O governante revelou que o Executivo tem criado um projecto que vai ser implementado para as pequenas indústrias com capacidade de produção de matérias-primas. Segundo o governante, o projecto está alinhado ao Programa de Apoio à Produção, Diversificação das Exportações e Substituição das Importações (PRODESI), que visa promover a produção nacional e reduzir de forma acentuada a dependência das importações. Carlos Rodrigues sublinhou que um dos grandes planos do Governo passa por diversificar as fontes de receitas e com isso as indústrias locais devem contribuir para a produção interna. "O sector tem estado a crescer e a dependência do exterior tem diminuído com base nas políticas que têm sido adoptadas para desenvolver a indústria transformadora no país, apesar dos programas pontuais desenvolvidos através de concurso público destinado a produtos como o açúcar, o arroz e recentemente os fertilizantes, cujo critério de adjudicação destas propostas é ter o preço mais baixo”, indicou. Visão da indústria nacional Em relação à visão para o sector, o governante apresentou quatro grandes ideias, com destaque para a produção que visa abastecer o mercado interno, promoção das cadeias de valor, crescimento das exportações de maior valor acrescentado, reforço da integração regional e o aumento do nível tecnológico das indústrias. Ressaltou que a maior produção da indústria transformadora está orientada para a substituição das importações e aumento das exportações. Outro eixo é o fomento da produção nacional em sectores de forte componente importadora e em indústrias estratégicas com potencial de exportação, como a agro-indústria, transformação alimentar, desenvolvimento de indústrias petroquímicas, têxtil, da madeira, com o fabrico local de mobiliário, indústria pesada de apoio ao sector primário e a indústria metalúrgica. Joaquim Suami e Massoxi Paxe