• País espera cumprimento rigoroso do compromisso


    Angola vai reforçar e liderar o mecanismo de supervisão e verificação do cumprimento do cessar-fogo entre a República Democrática do Congo (RDC) e o Rwanda, a partir de 4 de Agosto, para continuar a apoiar os esforços de paz entre os dois países, afirmou o director da Direccção África e Médio Oriente do Ministério das Relações Exteriores.

    "Esse cessar-fogo será supervisionado pelo Mecanismo de Verificação Ad-Hoc, que deverá ser reforçado. Angola, enquanto garante do processo de paz, instituiu um mecanismo liderado pelo tenente-general das Forças Armadas Angolanas (FAA) Nassone João, que estará no terreno com a sua equipa e deverá fiscalizar, observar e supervisionar o cessar-fogo”, salientou.

    Em declarações ao Jornal de Angola, a propósito do anúncio do cessar-fogo entre a RDC e o Rwanda, o director da Direcção África, Médio Oriente e Organizações Regionais do Ministério das Relações Exteriores, embaixador Jorge Cardoso, disse que Angola espera que o cessar-fogo seja respeitado e que possibilite o processo de negociação e diálogo entre as partes, para que definitivamente a paz seja uma realidade naquela região. "O Mecanismo de Supervisão e Verificação, liderado por Angola, vai fazer o acompanhamento das partes envolvidas no conflito para que efectivamente à meia noite de 4 de Agosto possa haver uma interrupção nas hostilidades e o calar das armas nesta data”, disse o diplomata.

    O embaixador anunciou, para o próximo dia 7 deste mês, a realização, em Luanda, de um encontro entre a RDC e o Rwanda para a elaboração de um plano para o desengajamento das forças no terreno e análise do plano de neutralização das FDLR, que vai viabilizar e reforçar a observação pelo respeito do cessar-fogo.

    Este grupo de peritos, que vai reunir em Luanda, acrescentou, terá a responsabilidade de examinar o plano de neutralização das FDLR, que resulta de uma proposta apresentada pela RDC, aceite pelo Rwanda e harmonizadas num plano proposto pela mediação angolana.

    De acordo com um comunicado do Ministério das Relações Exteriores a que o Jornal de Angola teve acesso, as delegações reunidas em Luanda na terça-feira, 30 de Julho, concluíram ser imperativo o alcance de uma paz sustentável no Leste da RDC, de modo a potencializar o desenvolvimento económico e o bem-estar social das comunidades dos dois países vizinhos e da sub-região dos Grandes Lagos.

    O embaixador Cardoso lembrou que Angola, por via do Presidente da República, João Lourenço, tem estado inteiramente envolvida neste processo desde Maio de 2022, altura em que foi mandatado pela União Africana (UA), para facilitar o diálogo com vista a desanuviar as tensões políticas, diplomáticas e militares destes dois países em conflito.

    Jorge Cardoso reafirmou que o país tem estado firmemente engajado na procura de uma solução pacífica e negocial para a situação de instabilidade e insegurança que se persiste no Leste da República Democrática do Congo, desde Outubro de 2023, altura em que o cessar-fogo, que havia sido negociado pela mediação angolana em Novembro de 2022, foi violado, tendo a partir daí registado o agravamento do conflito.

    Neste momento, acrescentou o diplomata angolano, a situação operacional no terreno é ainda de grande preocupação para a mediação, razão pela qual era importante que se lançassem as negociações e se relançasse o processo de paz. "O relançamento deste processo foi feito no princípio deste ano”, revelou.

    O director da Direccção África, Médio Oriente e Organizações Regionais lembrou que a RDC realizou eleições em Dezembro do ano passado e o novo Executivo tomou posse em finais de Maio.

    Acrescentou que foi a partir desta que a altura a mediação redobrou os seus esforços para voltar a trazer as partes à mesa do diálogo, que culminou com as partes a acordarem o cessar-fogo a vigorar a partir da meia noite do dia 4 de Agosto.