• ​Novas metas nas relações entre Angola e a Espanha


    País aberto à cooperação económica, política e diplomática, para tirar o máximo benefício possível de todas as oportunidades para promover o seu desenvolvimento, Angola recebeu durante três dias a visita dos Reis de Espanha. Felipe VI e Letizia Ortiz estiveram entre nós, de segunda a quarta-feira, numa visita considerada histórica foi a primeira deslocação a um país da África Subsahariana , e que teve o condão de franquear novos horizontes às relações bilaterais entre Angola e a Espanha.

    Isso mesmo deixaram expresso os dois Chefes de Estado. Durante a cerimónia de condecorações - o Rei Felipe VI outorgou ao anfitrião o Gran Colar da Ordem de Espanha e João Loureço retribuiu com a Ordem Agostinho Neto o Chefe de Estado angolano realçou que essa visita "eleva ao patamar mais alto as relações que os dois países vêm edificando, de forma sólida e consistente, através de uma interacção regular entre entidades de diferentes níveis”. Sublinhou, por outro lado, registar com satisfação a intensificação da cooperação no domínio empresarial nas últimas décadas, com o aumento da presença de empresas espanholas no mercado, tendo manifestado o desejo da Espanha incluir, durante a presidência rotativa da União Europeia, na agenda das prioridades, o apoio e financiamento das economias africanas.

    ​Por seu lado, ao destacar que "Angola é (para a Espanha) um país prioritário, devido à sua estabilidade política e social, pelos seus recursos, pelas boas perspectivas económicas e pela sua diplomacia activa e multilateral”, o monarca espanhol realçou, de forma resumida, os feitos que têm sido alcançados pelas autoridades angolanas. Como dá nota a reportagem do Jornal de Angola, Felipe VI disse que a Espanha precisa de parceiros com capacidade, credibilidade e vontade, com os quais, com base na confiança mútua, possa estar mais presente na região.

    ​A visita dos Reis de Espanha ao nosso país não marca apenas uma nova etapa nas relações bilaterais. Ela é, sobretudo, o reconhecimento do grande trabalho político- diplomático que Angola tem levado a cabo a nível regional e internacional em prol da paz, da estabilidade, em particular para que as regiões em que está inserida (África Austral e Central), tenham condições de desenvolvimento económico e social e estejam pacificadas.

    ​Esse trabalho político-diplomático que Angola procura sempre consolidar, no quadro da visão estratégica estabelecida de que só com paz África poderá realmente também trabalhar para alcançar o progresso, mantém-se como resultado de uma filosofia actuante que não olha a esforços para obter resultados.

    ​Por tudo isso a agenda da visita de Estado dos monarcas espanhóis esteve recheada de elementos que sinalizam a vontade dos dois países de estreitar as relações bilaterais e empenharem-se no seu crescimento. O encontro entre os dois Chefes de Estado, a assinatura de três novos acordos, a troca de condecorações entre os estadistas, a realização de um fórum económico com a participação de cem empresas angolanas e espanholas, a inauguração de uma exposição do artista espanhol Joan Miró (1893-1983) e a sessão parlamentar em homenagem ao Rei Felipe VI foram momentos de viva expressão do andamento que se pretende para a cooperação.

    ​O manto político, económico e cultural desta visita funcionou em pleno como a iluminação do caminho a percorrer. Muitas vezes pouco valorizada, a componente cultural, traduzida na exposição de quadros do pintor Joan Miró, da corrente surrealista que caracterizou uma das vanguardas artísticas europeias do início do século XX - Salvador Dalí é outro artista espanhol muito referenciado -, vem despertar-nos para o lado lúdico da vida humana e recordar-nos de que "nem só de pão e política vive o homem”.

    ​A cultura é importante para o espírito, para o renascimento/rejuvenescimento espiritual. Pintores como Pablo Picasso (cubismo), Joan Miró e Salvador Dalí tiveram e têm particular importância na vida social e política espanhola e além fronteiras. As suas obras constituem hoje valiosos patrimónios, quer no plano cultural quer financeiro.

    Voltando à vaca fria, a abertura à cooperação económica que Angola segue visa precisamente valorizar o que tem. Por via da exploração dos recursos naturais, por via da formação de quadros (capital humano), por via dos bens culturais, etc.

    Este ano, já estiveram em Luanda, os ministros dos Negócios Estrangeiros da Rússia e da China, respectivamente Sergei Lavrov e Qin Gang. Em Março é esperada a visita ao nosso país do Presidente francês, Emmanuel Macron.

    E assim vamos construindo uma plataforma de relações estáveis, diversificada, em prol de uma economia também  passe o pleonasmo  diversificada.