O Presidente João Lourenço conversou nesta quarta-feira, ao telefone, com o homólogo da República Democrática do Congo, Félix Tshisekedi, sobre o acordo de paz alcançado terça-feira, na sequência de conversações entre delegações ministeriais do Rwanda e da RDC sob mediação de Angola.
O Presidente João Lourenço é o facilitador designado pela União Africana para promover o diálogo entre a RDC e o Rwanda, e Campeão da União Africana para a Paz e Reconciliação em África. Nesta condição, permanece engajado na busca de uma solução pacífica e duradoura para o benefício dos dois países.
As Nações Unidas saudaram o anúncio de um cessar-fogo alcançado entre os governos da RDC e do Rwanda, sob mediação de Angola,que entra em vigor domingo, 4 de Agosto. Num documento, o porta-voz da ONU expressa a sua disponibilidade para apoiar o Mecanismo de Verificação Ad Hoc exigido para supervisionar o cumprimento do cessar-fogo.
O representante especial adjunto do Secretário-Geral das Nações Unidas na RDC e chefe interino da MONUSCO, Bruno Lemarquis, expressa o apoio ao acordo, que pode promover a paz entre os dois países e permitir o regresso seguro e digno das pessoas deslocadas às suas casas.
"As Nações Unidas felicitam o Presidente angolano, Sua Excelência João Lourenço pelos seus esforços no âmbito do processo de Luanda”, disse Lemarquis, ao mesmo tempo em que apela a todas as partes envolvidas a trabalhar de forma construtiva para acabar com a violência e alcançar uma solução pacífica e duradoura para os conflitos na região.
União Europeia satisfeita
Numa declaração do Alto Representante Josep Borrell, a União Europeia saúda o cessar-fogo acordado em em Luanda e elogia o trabalho incansável da presidência de Angola como mediadora da União Africana para o processo de paz na RDC e o compromisso tanto de Rwanda quanto da RDC para garantir este importante resultado.
"Apelamos à implementação rápida e abrangente de todas as decisões tomadas na reunião trilateral e instamos todas as partes no conflito a respeitarem rigorosamente este cessar-fogo”, afirma, sublinhando a "importância que os processos de Luanda e Nairóbi têm para garantir a paz e a segurança a longo prazo na região”.
"Reafirmamos o nosso firme apoio a estes processos e aos seus objectivos e a nossa vontade de ajudar se solicitado, em linha com a estratégia dos Grandes Lagos”, refere.
França elogia mediação
A França felicita Angola pelos seus esforços de mediação e garante que continuará a apoiar o processo de Luanda, a fim de se avançar para uma solução diplomática para a actual crise no Leste da RDC.
Num comunicado, o Governo francês alegra-se com a reunião entre os ministros dos Negócios Estrangeiros da RDC e do Rwanda, organizada terça-feira por Angola, no âmbito da mediação liderada por este país por meio do processo de Luanda.
A França, acrescenta o documento, manifesta, igualmente, o seu regozijo com o cessar-fogo acordado pelas partes para começar a vigorar a partir de 4 de Agosto e encoraja as partes em conflito a respeitarem os seus compromissos.
Portugal saúda acordo
O Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal saúda, igualmente, o acordo de cessar-fogo alcançado entre a RDC e o Rwanda, mediado por Angola.
Numa nota divulgada na página do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Portugal congratula-se com Angola por "este importante contributo para a estabilidade da Região dos Grandes Lagos, que importa manter e preservar”.
Bélgica encoraja as partes
A Bélgica também saúda o acordo de cessar-fogo entre a RDC e o Rwanda e agradece a Angola pelo papel crucial, encorajando as partes a cumprirem os compromissos.
De acordo com uma nota oficial, a Bélgica sublinha que esta etapa é essencial para reduzir o sofrimento da população e conduzir o processo para uma solução do conflito no Leste da República Democrática do Congo.
Opinião de Especialistas
Especialistas em Relações Internacionais e analistas políticos consideram que, com o entendimento alcançado em Luanda para o cessar-fogo entre a RDC e o Rwanda, o país volta a carimbar o ditame da paz, fruto da boa experiência da presidência de Angola em mediação de conflitos.
O analista político Mário Aragão disse que o Presidente da República, João Lourenço, tem conquistado grandes êxitos na intervenção com vista à paz entre estes dois países africanos.
Mário Aragão entende que chegada a hora certa e o momento de Angola liderar a organização continental, dado o bom desempenho e dedicação da diplomacia angolana. Os prémios e as condecorações recebidas ao longo do mandato do Chefe de Estado angolano na Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos indicam o sucesso do país no processo de pacificação do continente.
Para o especialista em Relações Internacionais, Damárcio dos Santos, o cessar-fogo acordado em Luanda representa o culminar dos esforços da diplomacia angolana para a paz e reconciliação naquela região volátil do continente, que vai seguramente abrir novas portas para a resolução do conflito no Leste da RDC, "embora isso seja muito difícil de acontecer no curto prazo”.
O que se espera, segundo Damárcio dos Santos, é que as partes em conflito ajam de boa-fé e cumpram escrupulosamente com as cláusulas acordadas, sob pena de haver um retrocesso neste processo.
Damárcio dos Santos considera ainda que Angola tem sido um player válido e indispensável em matéria de resolução de conflitos na região, com maior destaque no Leste da RDC.
O especialista explicou que se deve dar mérito à diplomacia preventiva, porque Angola não tem poupado esforços para a mediação de conflitos na região.
"O país tem usado os bons ofícios e a mediação para a resolução deste conflito apesar de ser realmente uma tarefa diplomática desafiadora em função da natureza complexa do conflito, em que estão variados interesses endógenos e exógenos”, destacou.