• Empenho do Presidente João Lourenço reconhecido no acordo para a paz na RDC a ser assinado hoje em Washington


    Quando, hoje, 4 de Dezembro, for assinado, em Washington, nos EUA, o acordo de paz para o Leste da República Democrática do Congo (RDC), entre o governo desta e o Ruanda, um nome sobressai como principal mediador: João Lourenço, o Presidente de Angola.

    Efetivamente, o Processo de Luanda — também conhecido como Diálogo de Luanda ou Roteiro de Luanda — foi uma série de negociações e acordos diplomáticos conduzidos sob os auspícios de Angola, na pessoa do Chefe de Estado João Lourenço, entre Julho de 2022 e Março de 2025, com o apoio da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC, sigla em inglês) e de outros actores regionais.

    O Processo de Luanda visava promover a paz e a segurança no Leste da RDC, em resposta ao recrudescimento dos ataques liderados pelo grupo rebelde Movimento 23 de Março (M23), o que levou a crescentes tensões entre a RDC e o vizinho Ruanda, que o primeiro acusava de fornecer total apoio em homens e armas.

    Como parte do processo, diversas reuniões foram realizadas, a partir de 2022, na cidade de Luanda, sob a mediação do Presidente angolano João Lourenço, nomeado facilitador pela União Africana (UA). Essas conversações reuniram os líderes de ambos os países, bem como representantes de várias organizações regionais. Desses encontros resultaram compromissos para um cessar-fogo, para o estabelecimento de mecanismos de monitoramento do mesmo e apelos para a retirada de grupos armados, particularmente o M23, das áreas ocupadas.

    Contudo, o M23 continuou a efetuar ataques, apesar das iniciativas políticas e militares coordenadas para estabilizar o Leste da RDC, incluindo planos para neutralizar as Forças Democráticas para a Libertação de Ruanda (FDLR) e “desengajar” as forças em conflito. Apesar destes esforços, desentendimentos persistentes complicaram as negociações.

    Face ao impasse das conversações, a 8 de Fevereiro de 2025, num entendimento conjunto da Comunidade da África Oriental (CAO) e da SADC, foi tomada a decisão de fundir o Processo de Luanda com o Processo de Nairobi.

    Assim, a 24 de Março de 2025, Angola anunciou que encerraria os seus esforços de mediação. Todavia, João Lourenço foi reconhecido pelos seus persistentes esforços na busca da paz, nomeadamente em Addis Abeba, capital da Etiópia, na Reunião dos Chefes do Estado-Maior/Comandantes de Defesa do Mecanismo Quadripartido sobre Coordenação e Harmonização das Iniciativas de Paz no Leste da RDC.

    O título de “Campeão da Paz”
    O título “Campeão da Paz e Reconciliação em África” foi oficialmente atribuído a João Lourenço em 28 de Maio de 2022, durante a 16ª Cimeira Extraordinária da UA, realizada em Malabo, na Guiné-Equatorial.
    Este reconhecimento decorreu da sua actuação de destaque na diplomacia africana — especialmente por seu papel enquanto líder da Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos (CIRGL), e por outros esforços de mediação, promoção do diálogo, reconciliação e paz em diferentes conflitos no continente.

    O título não foi visto por João Lourenço como um prémio, mas como uma missão contínua, implicando responsabilidades concretas: mobilizar Estados-membros, promover cooperação, favorecer a prevenção, gestão e resolução de conflitos, incentivar a reconciliação, a boa governação e a cultura da paz.
    Como Campeão da Paz, João Lourenço liderou iniciativas diplomáticas em nome da UA e com coordenação regional, procurando soluções pacíficas para os conflitos.

    Acções de João Lourenço como “Campeão da Paz”
    Durante 2023, atuou como mediador em crises em diversos países africanos, inclusive convocando consultas políticas e cimeiras para tratar situações de insegurança — como na RDC e na República Centro-Africana.

    Liderou e acolheu reuniões regionais sob a égide da CIRGL, buscando acordos de paz e reconciliação entre Estados e grupos envolvidos em conflitos.
    Promoveu iniciativas de sensibilização, como, por exemplo, a primeira mensagem como Campeão da Paz no contexto do “Dia da Paz e Reconciliação em África”, instituído pela UA para assinalar a data anualmente, com o objectivo de reforçar a cultura da paz no continente.

    O facto de João Lourenço ter sido “Campeão da Paz” colocou Angola numa posição de responsabilidade perante outros países africanos, o que aumentou o peso da sua voz nas decisões de paz, segurança e estabilidade no continente.