A eficiente operacionalização do Corredor do Lobito terá um impacto directo no aumento substancial das receitas para a economia nacional por via da comercialização e celeridade no escoamento de rochas ornamentais a partir da Região Sul do país para os principais mercados mundiais.
A opinião foi proferida em declarações ao Jornal de Angola pelo economista e investigador do Centro de Investigação Técnica e Económica da Universidade Lusíada de Angola (CINVESTEC) Agostinho Mateus, no quadro do inquérito que a nossa reportagem tem vindo a fazer junto de especialistas no sentido de aferir até que ponto o investimento levado a cabo pelo Estado pode beneficiar a vida das populações.
Agostinho Mateus começou por considerar o Corredor do Lobito "uma infra-estrutura de importância estratégica” para o desenvolvimento económico de Angola, proporcionando "múltiplas vantagens”, desde a facilitação do comércio internacional até ao impulso do "crescimento económico regional e à criação de empregos”.
De acordo com o economista, trata-se de um activo cuja importância não pode ser negligenciada, na medida em que tem o potencial para se tornar no catalisador para o crescimento sustentável e a diversificação da economia angolana.
"O Corredor do Lobito facilita o comércio internacional ao conectar o Porto do Lobito à fronteira com a República Democrática do Congo (RDC) e a Zâmbia, países ricos em recursos minerais como cobre e cobalto”, disse.
Esta infra-estrutura essencial, sustentou o investigador, permite a exportação eficiente desses minerais através do Porto de Lobito, aumentando significativamente o fluxo de mercadorias e gerando receitas substanciais de exportação para Angola.
Ao proporcionar acesso directo ao Oceano Atlântico e aos mercados globais, o Corredor oferece uma rota logística eficaz e economicamente viável para as exportações e importações de Angola e países vizinhos. "Este aumento no Comércio Internacional não só fortalece a economia angolana, como também promove a diversificação das suas exportações para além do petróleo e gás. O desenvolvimento do Corredor do Lobito pode melhorar significativamente a infra-estrutura ferroviária e rodoviária ao longo do seu percurso, facilitando o movimento de pessoas e bens”, avançou.
O facto de a linha férrea ter um percursos que abrange quatro províncias, desde o litoral até à fronteira na Região Leste, constituiu um dos elementos mais relevantes nas suas características, porque promoverá o crescimento económico nas diversas regiões atravessadas, como Benguela, Huambo, Bié e Moxico, sem perder de vista as zonas mais próximas onde haverá tendência do surgimento de novas actividades económicas que vão concorrer para maior oferta de empregos.
"Um dos grandes problemas da nossa economia é a falta de investimentos em capital, daí que infra-estruturas como o Corredor do Lobito têm o potencial de atrair Investimento Directo Estrangeiro, tanto em infra-estruturas quanto em sectores produtivos, contribuindo para o desenvolvimento económico de Angola. Além disso, poderão ser incentivadas parcerias público-privadas para o desenvolvimento de infra-estruturas e serviços associados, como portos secos e centros logísticos”, sublinhou.
Empregabilidade
Agostinho Mateus defendeu a necessidade dos jovens se especializarem nas profissões que a gestão do Corredor do Lobito pode proporcionar, isto é, tanto os empregos directos como indirectos, pois, em sua opinião, "espera-se que um número significativo de postos de trabalho seja gerado durante a construção e manutenção das infra-estruturas, bem como nos sectores de serviços, comércio e logística”.
O economista acredita que, muito embora o Corredor do Lobito tenha um potencial significativo para impulsionar o desenvolvimento económico de Angola, seja "crucial abordar e mitigar as suas desvantagens e desafios associados, o que passa por garantir financiamento sustentável, promover práticas ambientais responsáveis, garantir a segurança e estabilidade ao longo do Corredor, e assegurar uma distribuição equitativa dos benefícios económicos para evitar desigualdades regionais e sociais”.
A concluir sugeriu que "uma abordagem cuidadosamente planeada e equilibrada pode maximizar os benefícios do Corredor enquanto minimiza os riscos e impactos adversos”.