O Ministro da Indústria e Comércio, Rui Miguêns, afirmou, quinta-feira, em Nova Deli, que Angola pode beneficiar da experiência indiana em tecnologia agrícola e marítima direccionada à produção de alimentos.
Rui Miguêns discursava na 19.ª Conferência de Negócios Índia – África, em representação da Vice-Presidente da República, Esperança da Costa.O ministro assinalou ontem, em Nova Deli, que a parceria entre Angola e a Índia tem sido crucial para o desenvolvimento e o fortalecimento das capacidades económicas e sociais do país. Destacou o quadro evolutivo das relações entre Angola e a Índia, desde a década de 80, marcadas por iniciativas, acordos bilaterais e investimentos privados de empresas e cidadãos indianos na economia nacional.
A Índia, prosseguiu o ministro angolano, tornou-se um parceiro económico importante para Angola, dados os investimentos financeiros, assistência técnica, formação profissional e a sua colaboração em diversos sectores de interesse mútuo. Em concordância com a prioridade da política económica do Governo de Angola, no domínio agrícola e tecnologias de agroindústria, Rui Miguêns disse que o país tem disponíveis vastas áreas de terras agrícolas que podem contar com o apoio da Índia.
"Estas terras podem contribuir para a nossa segurança alimentar e diversificação económica, promovendo o crescimento económico e bem-estar social nas áreas rurais do nosso país”, ressaltou o ministro.
Destacadas relações comerciais bilaterais
Relativamente às relações comerciais bilaterais, Rui Miguêns disse que em 2023 as exportações de Angola atingiram 1.744.993.899,41 dólares, enquanto as importações da Índia totalizaram 1.084.091.060,31 dólares, resultando num superavit da balança comercial que, embora favorável ao nosso país, está fundado, essencialmente, na exportação de petróleo bruto e seus derivados, quadro que urge ser alterado, por via da diversificação das exportações, com o concurso do sector privado de ambos os países.
Com isso, o ministro exortou o sector empresarial indiano a conhecer o mercado angolano, tendo destacado as contínuas melhorias apresentadas pelo Governo para facilitar o acesso ao investimento privado para a actividade económica e apoio aos projectos orientados para a diversificação da economia.
Reformas políticas
Na Conferência, que encerrou ontem, o ministro da Indústria e Comércio, Rui Miguêns, partilhou o vasto programa de reformas políticas, económicas e sociais para a melhoria do ambiente de negócios, a implementação do Programa de Simplificação e Desburocratização dos procedimentos relacionados com a constituição de empresas e o licenciamento para início de actividades económicas.
Rui Miguêns falou, também, da aprovação pelo Executivo de uma nova Lei do Investimento Privado em Angola, que concede ao investidor privado maior protecção e garantias do Estado, além de liberalizar o investimento sem montantes mínimos ou obrigações, entre outras, estabelecendo, assim, linhas de actuação concreta para a melhoria do ambiente de negócios.
No domínio da segurança alimentar e nutricional, Rui Miguêns esclareceu que o país dispõe de condições naturais favoráveis para o crescimento e o desenvolvimento da economia azul através da Aquicultura marinha e continental, focando no cultivo de espécies aquáticas de alto valor comercial e nutricional. "Este sector é considerado chave para a economia nacional e a nutrição da nossa população. Angola pode beneficiar da experiência indiana em tecnologia marítima direccionada à produção de alimentos, pois reconhecemos a Índia como uma potência no domínio da produção pesqueira a nível mundial”, acrescentou.
O documento consultado pelo Jornal de Angola informa também que a Conferência teve como objectivo servir de instrumento para o crescimento de África e fortalecer o papel da parceria Índia-África, visando a integração das cadeias de valor regionais e globais.
Além das discussões bilaterais, trilaterais e regionais, os conferencistas convergiram em algumas das principais áreas de parceria e oportunidades emergentes em Agricultura, Processamento de Alimentos, Defesa, Parceria Digital, Parceria Financeira, Produtos Farmacêuticos, Infra-estruturas, Energia e Electricidade, Ecossistema de Qualidade, Desenvolvimento de Capacidades e Habilidades.