• Acordos nas áreas de Petróleo e Gás abrem nova era nas relações Angola-Madagáscar


    Angola e o Madagáscar assinaram, quinta-feira, no quadro do reforço das relações entre os dois países, sete instrumentos jurídicos de cooperação, tendo o destaque recaído para o Acordo Geral de Cooperação no sector do Petróleo e Gás, Recursos Minerais e Energia.

    Os referidos acordos, que se destinam à abertura de uma nova era nas relações entre os dois Estados-membros da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), foram rubricados na Sala de Tratados do Palácio Presidencial, em Luanda, no quadro da visita de Estado de 48 horas a Angola do Presidente malgaxe.

    A assinatura dos instrumentos jurídicos de cooperação foi testemunhada pelos Presidentes João Lourenço e Andry Rajoelina, depois do tête-à-tête entre os estadistas e das conversações entre as delegações ministeriais.

    Ao pronunciar-se sobre o resultado deste encontro, em declarações à imprensa dos dois países, o estadista angolano destacou o reforço das relações com o Madagáscar, sublinhando tratar-se de um país irmão com quem Angola manteve, sempre, "muito boas relações de amizade e de cooperação", desde os primeiros dias da Independência Nacional.

    João Lourenço destacou os passos "importantes" que o Madagáscar tem a marcar, visando a criação de condições tendentes a uma maior visibilidade e relevância aos sectores das minas e dos petróleos, que disse estarem em franco crescimento naquele país.

    Sobre esta matéria, o estadista angolano recordou que Angola dispõe de um acumulado volume de conhecimento nestas áreas, por terem sido, nas últimas décadas, o principal motor da sua economia.

    Em função disso, João Lourenço assegurou que o país está aberto a estreitar as relações com o Madagáscar nestes sectores, colocando a sua experiência à disposição, para que os malgaxes possam, num curto espaço de tempo, tirar os maiores proveitos destes recursos.

    Para tal, disse ser necessário que os dois países desenvolvam, também, uma intensa cooperação em outros domínios, onde se espera que as partes se complementem em termos de transferência mútua de conhecimentos, de modo a contribuir para o crescimento destes segmentos da economia dos dois países.

    No entanto, o Presidente da República lamentou o facto de as relações bilaterais terem conhecido, ao longo destes anos, um nível de evolução não pretendido pelas partes, tendo vaticinado, por isso, um futuro melhor para as relações entre os dois países daqui para a frente, com esta primeira visita de Estado de Andry Rajoelina a Angola.

    "Nós vamos virar a página e imprimir uma outra dinâmica a esta relação de cooperação entre os dois países", atestou o Presidente João Lourenço, informando que o interesse para o alcance deste desiderato é comum e visa o alcance de outros domínios da economia dos dois Estados.

    Sobre este particular, o Presidente João Lourenço disse que Angola está aberta à possibilidade de identificação e exploração de outras áreas de cooperação, nomeadamente a Agricultura, Agropecuária, Turismo e outras que sejam de interesse recíproco.

    "Vamos fazer esforços no sentido de realizarmos, de imediato, a primeira reunião da Comissão Mista Bilateral, importante instrumento para a materialização dos acordos que acabamos de assinar e abrir caminho para a assinatura de futuros acordos aqui em Luanda ou em Antananarivo", frisou.

    Uma cooperação dinâmica

    João Lourenço assegurou não haver um motivo relevante para que houvesse o pouco desenvolvimento verificado nas relações económicas entre os dois países e lembrou que este quadro não se verificou apenas com o Madagáscar.

    "Há outros casos, mesmo aqui no continente, em que temos relações diplomáticas formadas há alguns anos e onde, por exemplo, não tínhamos uma Embaixada ou não houve troca de visitas ao nível de Chefes de Estado", declarou, acrescentando que o mais importante, em relação ao Madagáscar, é corrigir esta situação.

    "O que eu espero da relação de cooperação económica entre os nossos dois países é uma cooperação dinâmica em praticamente todos os domínios das nossas economias e em todos aqueles assuntos que sejam por nós identificados como sendo de interesse comum", frisou.

    O objectivo, prosseguiu o Presidente da República, é levar a cabo uma cooperação com o Madagáscar que seja salutar.

    Esta é a primeira visita de Estado de um Presidente da Madagáscar a Angola e acontece poucos meses depois da visita de João Lourenço ao Madagáscar, por ocasião da tomada de posse de Rajoelina.

    Para o estadista angolano, a "importante" visita obriga a recordar momentos da solidariedade que aquele país prestou a Angola, na luta que travou pela afirmação da soberania nacional, face às investidas do regime do apartheid.

    O Presidente da República anunciou, na ocasião, que vai realizar, no quadro da reciprocidade, também uma visita de Estado ao Madagáscar, em data a acertar pelas diplomacias dos dois países.

    Os acordos assinados

    Fazem parte dos sete acordos rubricados ontem, entre Angola e o Madagáscar, o Acordo sobre a Criação de uma Comissão Bilateral, Acordo-Quadro Geral de Cooperação entre os dois Governos, Acordo sobre Isenção de Vistos em Passaportes Diplomáticos e de Serviço, Memorando de Entendimento sobre Consultas Políticas, Memorando de Entendimento no domínio do desenvolvimento do Sector Mineiro, Memorando de Entendimento no domínio do Desenvolvimento do Sector Petrolífero e Memorando de Entendimento no domínio da Energia.

    Andry Rajoelina quer relação com Angola mais fortalecida

    O Presidente da República do Madagáscar, Andry Rajoelina, manifestou o desejo de ver as relações entre os dois países mais fortalecidas, salientando que os instrumentos jurídicos de cooperação ontem rubricados, sobretudo o Acordo-Quadro Geral de Cooperação entre os dois governos, vão contribuir para o alcance deste desiderato.

    "Eu quero declarar que estou muito satisfeito com a visita de Estado que estou a efectuar a Angola", destacou o estadista malgaxe.

    Dado o potencial de África, Andry Rajoelina defendeu a necessidade de uma maior união entre os países do continente berço, com vista à restauração da solidariedade na região.

    Para o Presidente malgaxe, agindo nestes moldes, os países africanos poderão mudar o curso da história. "África é maior que toda a Europa, os Estados Unidos e a China juntos", adiantou Andry Rajoelina, para quem é importante que os Estados africanos se apoiem mutuamente.

    À semelhança de Angola, Rajoelina fez saber que o Madagáscar também possui muitos vários recursos naturais, cenário que, a seu ver, representa uma oportunidade para uma maior cooperação entre os dois países.

    A visita de Estado do Presidente Andry Rajoelina a Angola termina hoje, com o regresso ao Palácio Presidencial, para se despedir do homólogo angolano.