DECLARAÇÕES À IMPRENSA
Os Presidentes João Lourenço, de Angola, e Daniel Chapo, de Moçambique, destacaram as excelentes relações que sempre existiram entre os povos angolano e moçambicano, que datam ainda do tempo em que se desenvolvia a luta anti-colonial e se consolidaram e expandiram no pós-Independência.
Os dois Chefes de Estado fizeram declarações à Comunicação Social pouco depois de terem testemunhado a assinatura de acordos (5 no total) para reforço da cooperação bilateral em vários domínios.
O líder moçambicano agradeceu o apoio robusto que o seu país recebe de Angola em diferentes planos e as demonstrações de solidariedade em diferentes momentos difíceis da sua realidade, como a recente instabilidade pós-eleitoral e a insegurança em Cabo Delgado.
DECLARAÇÃO DO PRESIDENTE JOÃO LOURENÇO À IMPRENSA
“ Senhor Presidente da República, Daniel Chapo;
Senhores membros da delegação moçambicana e da delegação angolana;
Senhores jornalistas;
Angola tem hoje o privilégio de receber, no seu solo, a visita de uma ilustre figura, filha do nosso continente, de um país irmão, o Presidente Daniel Chapo que, estando há pouco tempo no poder, decidiu realizar esta visita oficial ao país irmão do outro lado do continente.
Nós, na brincadeira, quando nos encontramos, ao nos saudarmos dizemos sempre “o meu irmão do Índico, o meu irmão do Atlântico”. Então, o irmão do Atlântico hoje tem o privilégio de receber o seu irmão do Índico na sua casa, que é sua também. Sinta-se em casa!
Esta é vista como uma visita que tem como objectivo fundamental reforçar os laços de amizade e de cooperação entre os nossos dois países.
Somos países que têm em comum o facto de termos sido colonizados pela mesma potência europeia. Temos em comum o facto de ambos termos pegado em armas para resgatar a dignidade dos nossos povos, a coincidência de termos alcançado esse objectivo no mesmo ano, com uma pequena diferença de meses.
Quer Moçambique, primeiro, quer Angola, comemoramos este ano os nossos 50 anos de Independência. Portanto, vamos fazer uma festa conjunta, porque merecemos!
A nossa Independência não foi entregue de bandeja. Custou muito suor e sangue dos melhores filhos, quer de Moçambique, quer de Angola. Portanto, é justo que comemoremos com toda a euforia que nos vem do fundo da alma.
Passou-se a fase da luta de libertação, passámos ambos um período longo em que os nossos inimigos derrotados em 1975 se mobilizaram para criar instabilidade nos nossos países.
Moçambique viveu um período de instabilidade que, felizmente, terminou com a assinatura de um acordo de paz. O mesmo se passou em Angola, que também viveu um período longo de instabilidade, de conflito armado como Moçambique e que também, felizmente, foi ultrapassado, tendo também chegado à assinatura de um acordo de paz definitivo que dura já há 23 anos e que tudo estamos a fazer para que ele seja eterno.
A nossa luta comum de hoje é a luta do desenvolvimento económico e social, para que as nossas populações beneficiem do potencial de riqueza dos nossos países. É esta a luta que conjuntamente estamos a levar a cabo. É evidente que temos ainda muitos passos a dar até que nos possamos algum dia sentir realizados, sentir satisfeitos.
Moçambique, infelizmente, tem encontrado alguma dificuldade no seu desenvolvimento económico e social por força do terrorismo que se instalou numa parte do seu território, mais concretamente na província de Cabo Delgado.
Nós, os países irmãos, sobretudo os da SADC, temos de diferentes formas manifestado a nossa solidariedade para com o povo moçambicano nesta luta contra o terrorismo.
Mais recentemente, Moçambique conheceu também um período pós-eleitoral de alguma forma conturbado, igualmente os mesmos irmãos de sempre também se solidarizaram com Moçambique e fazemos votos de que esta nuvem negra tenha passado e que daqui para frente Moçambique possa dedicar todas as suas atenções e energias apenas àquilo que é fundamental, que é tratar do desenvolvimento económico do país.
Nós, hoje, acabámos de presenciar a assinatura de cinco instrumentos jurídicos de cooperação. Ao longo dos anos fomos assinando outros instrumentos, outros acordos, outros memorandos de entendimento, num total de 38, e que vamos procurar, com a criação de um Comité Técnico de Acompanhamento à implementação desses mesmos acordos, tirar do papel os entendimentos a que chegámos e torná-los realidade.
Precisamos, de facto, avançar, progredir com a concretização dos entendimentos a que os dois países chegaram.
Nós aceitamos o convite que o Presidente Daniel Chapo nos faz para, numa primeira oportunidade, negociar entre as duas chancelarias diplomáticas, a fim de eu realizar a visita oficial também à República de Moçambique.
Mais uma vez, Presidente Daniel Chapo, seja muito bem-vindo e sinta-se em casa.
Muito obrigado! “
DECLARAÇÕES DO PRESIDENTE DANIEL CHAPO
“ Muito obrigado!
Em jeito de brincadeira, chamamo-nos “irmão do Atlântico, irmão do Índico”.
Para nós, é uma honra e um privilégio estarmos aqui em Luanda, estarmos aqui em Angola, para esta visita que estamos a realizar depois da nossa eleição e depois também da nossa tomada de posse.
Queremos, em primeiro lugar, agradecer este convite que nos foi endereçado para a realização desta visita, que está no âmbito do estreitamento das nossas relações de amizade e cooperação entre os dois países, que vêm desde antes da Independência entre os dois povos: o povo angolano e o povo moçambicano.
Somos dois povos irmãos, lutámos para as nossas independências, alcançámos a Independência no mesmo ano, por isso, vamos fazer, este ano, 50 anos de Independência. Havia necessidade de, realmente, nos encontrarmos para fazermos a avaliação das nossas relações de amizade e cooperação durante estes 50 anos, mas também renovarmos esta amizade e cooperação.
Também queríamos aproveitar esta ocasião, através de Si, Senhor Presidente, meu irmão João Lourenço, agradecer ao povo angolano por todo o apoio que tivemos durante o período em que estávamos a concorrer para a Presidência de Moçambique.
Sentimos o calor, a amizade e a cooperação dos nossos irmãos angolanos. Mas também quero aproveitar esta ocasião para agradecer o apoio que aconteceu durante este período, apoio moral e apoio em todos os sentidos.
Nós não devíamos ficar indiferentes, depois deste período de tomada de posse, se não respondêssemos positivamente ao convite, virmos para aqui agradecer ao povo angolano e também aproveitar esta ocasião para, mais uma vez, dizer que temos sentido este apoio em várias vertentes: política, social, económica, mas também ao nível das forças de defesa e segurança.
Como disse muito bem, até hoje estamos a enfrentar o fenómeno do terrorismo, que é um fenómeno global, na província de Cabo Delgado. Durante este período, temos recebido o apoio, tanto no âmbito da SAMIM, a força da nossa região da SADC, que estava presente naquela região, mas também nas questões relacionadas com transporte, logística e outros aspectos importantes, naquela altura, que permitiram a presença da SAMIM em Cabo Delgado.
No âmbito dos acordos bilaterais, temos continuado a trabalhar entre os dois países, mas sentimos também que, para além da cooperação política, que é excelente, em termos sociais, entre os nossos dois povos, também é uma relação extraordinária.
Achamos que era importante vir a Angola reforçar cada vez mais as nossas relações económicas porque, como disse e muito bem, hoje em dia, o grande objectivo que nós temos como países, Moçambique e Angola, é criarmos melhores condições de vida para as nossas populações, para os nossos dois povos. E não há melhor coisa do que dois povos irmãos trabalharem juntos, para crescerem juntos e se desenvolverem juntos.
Por isso, achamos que é importante a assinatura destes acordos, porque vão permitir, por exemplo, a permanente ligação aérea entre Moçambique e Angola, entre Maputo e Luanda, a partir das nossas capitais, ou mesmo de outras províncias, porque o desenvolvimento económico passa por circulação de pessoas e bens. E achamos que a circulação de pessoas e bens entre Moçambique e Angola, dois países irmãos, vai, sem margem de dúvidas, acelerar este processo de desenvolvimento económico que todos nós pretendemos.
Diria o mesmo na área da cultura, na área do turismo, e também os acordos nas áreas sociais. Achamos que os instrumentos jurídicos que foram aqui assinados vão, sem dúvidas, permitir que nos próximos anos possamos desenvolver, ou melhor, acelerar o desenvolvimento económico e social dos nossos dois povos.
A construção da equipa técnica conjunta para avaliação dos acordos já assinados, do seu nível de implementação, e também para monitoria e avaliação permanente destes acordos que hoje foram assinados, achamos que é extremamente importante para os nossos dois povos, o povo angolano e o povo moçambicano.
Por isso, queria aproveitar esta ocasião para agradecer a recepção que tivemos no aeroporto, agradecer o encontro que tivemos entre dois irmãos, com as duas delegações, a delegação moçambicana e a delegação angolana, os acordos que foram assinados.
Portanto, uma visita extremamente positiva, com resultados concretos, em termos de assinatura de instrumentos jurídicos.
Queremos aproveitar esta ocasião para reiterar o nosso comprometimento em continuarmos a trabalhar como dois governos, dois países irmãos, para a implementação efectiva destes acordos, e que possam trazer resultados para os dois países, e continuarmos a criar melhores condições de vida para os nossos dois povos, o povo moçambicano e o povo angolano, porque Moçambique é Angola, Angola é Moçambique.
Somos dois povos irmãos e temos de continuar unidos, coesos e a trabalhar cada vez mais para desenvolvermos os nossos dois países.
Muito obrigado! “